Sujeira: O Ingrediente Secreto para a Educação Positiva

MÉTODOS DE EDUCAÇÃO POSITIVA

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Pernas de criança com galochas pisando em poça de lama
Pernas de criança com galochas pisando em poça de lama

Em um mundo onde a perfeição é frequentemente uma meta, tanto online quanto offline, é fácil para pais e mães sentirem-se pressionados a manter tudo ordenado, impecável, e sem problemas. Mas, vamos ser realistas, né?! A infância é desordenada por natureza. É feita de terra, grama, lápis de cor e, sim, poças de lama. E essa desordem pode ser a chave para uma educação mais positiva e feliz.

Estávamos no Parque, eu e João, que tinha por volta de 4 anos. João me pergunta: "Posso pular na lama, pai?", no que respondi: "Pode, João! Depois é só limpar!". É muito legal apresentar isso aqui de imediato, como se fosse sinal de uma família completamente ordenada e descolada. Mas pra chegar nisso tem muita dor, sofrimento e muito, mas muito diálogo interno, pautado na desconstrução de muita crença limitante.

Muitos de nós temos a ideia de que se sujar é inaceitável, do mesmo modo que errar é inaceitável. E isso, pra quem cresceu sob a tutela da educação tradicional, verdadeiramente é visceral. Quando nos damos conta, já estamos nos questionando algo que não saiu como o esperado. E, perceba, é disso que se trata quando falamos sobre sujeira e infância.

Mas antes de surgir uma objeção, que te diga que crianças precisam de limites sobre sujeira, já vou concordar contigo, pra que a gente não fique limitado pelo que é óbvio. A ideia aqui transcende o que é trivial sobre organização e limpeza. Estamos falando daquilo que, não gerando problemas pra outras pessoas, não infringindo a lei e não gerando prejuízos a algum patrimônio, é totalmente possível de acontecer.

Se no parque está chovendo, é natural que a gente esteja molhado e lide com um pouco de lama. Parece razoável e todo mundo vai entender (e perceba aqui a necessidade de aprovação dos outros). Mas se está um sol estalando no céu e a poça é fruto de uma chuva que já passou, então teremos uma criança muito suja, que será julgada por quem olha. E não só isto, o pai, a mãe ou o responsável também será alvo desse julgamento, ou talvez principalmente eles.

E por isso esta é uma situação que não é tão simples de lidar e precisa de uma substituição. E ao substituir essa crença (sujeira é errado) por uma nova — que a sujeira é temporária e gerenciável —, abrimos as portas para nossos filhos viverem a infância plenamente, explorando, aprendendo e, acima de tudo, se divertindo.

Ao permitir que seu filho se suje, você não está apenas tolerando uma camiseta manchada de lama; você está validando sua curiosidade e energia. Está dizendo que é normal explorar e que as pequenas desordens fazem parte da vida. Isso não apenas alivia a pressão sobre você, para manter tudo perfeito, mas também ensina a eles lições valiosas sobre autonomia e a beleza de viver o momento.

Por alguma razão, ao escrever esse texto, me lembrei de um anúncio muito antigo, de um sabão em pó, que dizia: “Não há aprendizado sem manchas!”

Então, da próxima vez que se deparar com uma situação semelhante, lembre-se de que um pouco de lama pode ser lavada, mas as risadas e as lembranças criadas no processo são eternas. E quem sabe? Talvez se juntar a essa diversão seja exatamente o que você precisa também.

A educação positiva não é sobre permitir tudo, mas sim sobre escolher batalhas que valem a pena. Ao focar no que realmente importa — felicidade, aprendizado, e crescimento — podemos criar um ambiente onde tanto pais quanto filhos prosperam.